29 maio, 2006

A Guerra pela Verdade

Depois de muito tempo OFF, voltemos à ativa. =)
Se existe um assunto que volta e meia surge aqui e alhures, tão velho quanto o próprio cristianismo e, contudo, tão celebrado como se fosse a última novidade da liberdade de pensamento e da emancipação do homem do jugo da religião, este assunto é a ofensa, direta ou indireta, escancarada ou velada, à Igreja Católica.

Não é novidade. O próprio Cristo já nos adverte:

"Se me perseguiram, também vos hão de perseguir". (Jo 15, 20b)

Se, pois, Aquele por quem os Céus e a Terra foram criados não foi poupado das calúnias e das zombarias, por que é que nós, miseráveis e pecadores, esperaríamos assim o ser? As palavras do Evangelho são claras: Cristo foi perseguido. Assim, também os cristãos foram, são e sempre serão perseguidos.

Foi assim desde a época do Império Romano, quando os cristão eram acusados de toda sorte de atrocidades, de canibalismo (distorção cretina da Eucaristia, diante da qual resisto a conceder o beneplácito da ignorância) e de assassínio ritual (coisa para a qual não consigo encontrar justificativa - talvez o Batismo, pelo qual as pessoas eram sepultadas com Cristo?), etc. Diante dos romanos, Tertuliano[1] já se defendia:

"Monstros de maldade, somos acusados de realizar um rito sagrado no qual imolamos uma criancinha e então a comemos, e no qual, após o banquete, praticamos incesto, e os cães, nossos alcoviteiros, pois não, apagam as luzes para na imoralidade da escuridão nos entregarmos a nossas ímpias luxurias!

Isto é o que constantemente usais para nos perseguir, embora não tenhais tido o cuidado de elucidar a veracidade de tais coisas de que somos acusados há tanto tempo. Tragam, então, esse assunto à luz do dia, se acreditais nisso, ou não lhes deis crédito, se nunca investigastes a respeito. Com base nesse dissimulado jogo, somos levados a vos esclarecer que não é verdade um fato que não ousais investigar". (Apologia, cap. VII)

Muitas pessoas já disseram isso antes, e creio que até eu já o tenha escrito algures, mas nunca é demais repetir: a Verdade gera o ódio. Dos maus. É apanágio da Verdade provocar o amor dos bons e o ódio dos maus. Este é o Seu privilégio, e a Sua honra. A Verdade é dura, e une e separa. Une ao Seu redor os que A amam - os católicos, organizados na Verdadeira Igreja - e separa destes os que A detestam - os inimigos da Igreja, a Anti-Igreja, a Sinagoga de Satanás, a Cidade dos Homens. O próprio Tertuliano já o dizia: << A Verdade e a aversão à Verdade vieram ao mundo juntas >> (op. cit, cap. VII).

O fato - nunca é demais repetir - é que o motor da História é a luta dos servos de Deus contra os servos de Satanás, da Cidade de Deus contra a cidade dos homens. Santo Agostinho falava sobre essas duas cidades, dizendo que do amor a si próprio até o desprezo de Deus nasce a Cidade dos Homens, e do amor a Deus até o desprezo de si próprio nasce a Cidade de Deus. Esta, esforça-se para glorificar a Deus e salvar almas. Aquela, procura incessantemente ofender a Deus e levar as almas à perdição. É uma verdadeira guerra, a mais importante de todas as guerras, pois o que está em jogo é a própria razão de ser da Existência, é o fim último da Criação, é a Glória de Deus e a salvação das almas.

E, se estamos numa Guerra, é mister combatermos. A Igreja, peregrina na terra, é chamada de Igreja Militante. Militante, por quê? Porque os católicos são soldados de Cristo, com a obrigação de, sempre alerta, defenderem o Bem e a Verdade, Deus e a Igreja, que diuturnamente são atacados por seus inimigos. Perseguições, sempre houve e sempre as vai haver. Mas importa que, ao lado delas, haja os defensores da Verdade; importa que os católicos não sejam omissos, e não capitulem diante dos ataques que lhes são dirigidos com fúria. Importa que os soldados de Cristo estejam sempre em prontidão, para impôr resistência às ofensivas de onde quer que elas venham.

Hoje, os ataques são os mais variados possíveis. Os blasfemos genitais feitos com terços da Márcia X[2], o insidioso "habemus cocam" de Evandro Prado[3], o "Evangelho" de Judas, o "Código da Vinci", a crucificação de Madonna[4]... essas coisas "passam como vento", alguns podem dizer. Errado; elas até passam, mas deixam as suas marcas. Essas coisas, por pequenas que sejam, vão minando o senso de sagrado, enfraquecendo a fibra dos católicos, destruindo, às vezes inconscientemente, o tesouro da Fé. São coisas passageiras, sim, mas não como vento: como flechas envenenadas. Que machucam, e das quais precisamos nos defender.

Como podemos nos defender? Vittorio Messori propôs[5], há alguns meses, uma Liga anti-difamação. A proposta é excelente, mas falta operários. O que podemos fazer, em um nível menor? Ou melhor, o que devemos fazer? Devemos defender a Verdade, onde quer que Ela seja atacada: em casa, na Universidade, no Trabalho, onde quer que estejamos. Afinal, nos dizeres do próprio jornalista italiano, << a mentira, quando é demonstrável como tal, não tem direito à cidadania >>. Esta é uma verdade que anda muito esquecida em nossos dias, nos tempos hipócritas da "liberdade de expressão". Não há liberdade para a mentira; esta, deve ser combatida, de todas as formas possíveis e alcançáveis, de onde quer que ela venha.

Que a Virgem Mãe de Deus possa ser em nosso favor, e nos tornar cada vez mais melhores soldados de Cristo, soldados fiéis, conscientes do seu dever e dispostos a consumir a própria vida no serviço à Igreja, na defesa da Verdade, na construção do Reino de Deus.

Amém.


Referências:

[1] http://www.geocities.com/Athens/Aegean/8990/apolt0.htm
[2] http://marciax.uol.com.br/mxObra.asp?sMenu=2&sObra=26
[3] http://www.evandroprado.com.br/
[4] http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u60751.shtml
[5] http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=noticias&id=M0212