"Invenimus Messiam" (Evangelium Secundum Ioannem, I, 41)
Essa é uma frase tirada do Evangelho de hoje. André, irmão de Pedro, após ter estado com Jesus, vai até o seu irmão e lhe diz: invenimus Messiam.
"André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que tinham ouvido João e que o tinham seguido. Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse-lhe: Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo)". (Jo 1, 40-41)
Essa passagem pode muito bem ser tida como um resumo da busca pela Verdade, da sede de Deus que há na alma humana. André procurava o Messias. André encontrou o Messias. André anunciou o Messias.
Não é essa a ordem que devemos seguir? Temos sede de Deus, buscamos a Deus, encontramos a Deus, anunciamos a Deus. A mesma idéia está exposta em outras passagens das Escrituras, mas, aqui, ela é bem forte, é um claro chamado: se nós, verdadeiramente, encontramos a Cristo, devemos anunciá-Lo. Após encontrarmos o amor de Deus, após enchermo-nos dele, devemos naturalmente transbordá-lo.
Não é novidade para ninguém o caráter missionário do Evangelho. Mas quero chamar a atenção para o fato de que este anúncio, antes de ser um mandamento - e ele o é, como encontramos em outras passagens, tais como Mt X, 27 e Mc XVI, 15 -, é (ou pelo menos devia ser) um movimento voluntário, um impulso natural da alma que encontrou a Deus. Depois de um encontro com o Senhor, depois de encontrarmos o Messias, desejamos (ou pelo menos devíamos desejar) sair correndo à procura dos nossos irmãos, e dizer-lhes: invenimus Messiam.
Isso porque a Verdade é um Bem. E é próprio da Caridade - maior das virtudes - amar ao próximo. Amar é desejar o bem. Ora, que bem pode ser maior do que a Verdade? Portanto, amar o próximo é desejar que ele chegue ao conhecimento da Verdade. Por isso o anúncio - invenimus Messiam - é um impulso natural da Caridade, uma decorrência natural do encontro com Deus. Afinal, um encontro com Deus não deve (ou pelo menos deveria) aumentar em nós a Caridade?
Por isso, devíamos sempre ser como aquele mensageiro, do qual nos fala o profeta Isaías, e que cantamos, muitas vezes, na Aclamação ao Evangelho, lá na Missa:
"Como são belos sobre as montanhas os pés do mensageiro que anuncia a felicidade, que traz as boas novas e anuncia a libertação, que diz a Sião: Teu Deus reina!" (Is 52,7)
Devíamos ser sempre como esse mensageiro, levando a Boa Nova e anunciando a libertação. Não uma "boa nova" qualquer, não uma libertação distante, mas uma libertação presente e atual, da qual somos provas vivas, uma libertação que vimos e ouvimos, que tocamos com nossas mãos (cf 1Jo 1, 1-3)! Só assim o nosso anúncio poderá ser verdadeiro, só assim ele poderá provocar conversões. Não devemos simplesmente dizer "há o Messias". Devemos, como testemunhas verdadeiras, dizer "encontramos o Messias"!
Mas, para dizermos isso verdadeiramente, é necessário que O tenhamos encontrado. E a doce afirmação do Evangelho - encontramos o Messias - pode se transformar numa angustiante pergunta: encontramos o Messias?
Se O encontramos, por que não somos tão ligeiros e prestativos em dizê-lo aos quatro ventos, de cima dos telhados? Se ainda não O encontramos, o que nos falta? Qual o problema?
Que possamos rezar - afinal, é na oração que o homem se encontra com Deus - nesse sentido. Rezemos, para que encontremos a Deus. Rezemos, para que O conheçamos e encantemo-nos com Ele. Rezemos, para que Ele aumente em nós a Caridade, e nos inflame a alma com um incontrolável desejo de correr até nosso irmão e dizer-lhe, com sinceridade: invenimus Messiam!
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